sábado, 6 de novembro de 2010

Charge do dia: Câmara salvadora


Pra entender o caso: Sargento Siqueira é suplente de deputado e está envolvido na Operação Impacto que investiga o pagamento de propina a vereadores durante a votação do Plano Diretor de Natal. Reeleito em 03 de outubro e, consecutivamente, com o mandato assegurado a partir de 2011, eis que o deputado Gilson Moura renuncia ao mandato alegando necessidade de acompanhar uma irmã enferma, abrindo vaga para que o Sargento Siqueira assuma a vaga e conduza o processo da Operação Impacto mais uma vez para foro privilegiado. A direção do PV fala em negociata... Na charge, a câmara assume uma ambiguidade que não tem graça nenhuma em tempos de aperfeiçoamento da ética política (vide projeto Ficha Limpa).
Nada contra o deputado Gilson Moura, mas, advogado e conhecedor das leis que é, não teria ele uma alternativa de afastamento, licença, ou falta justificada para acompanhar a irmã? Esse é o velho problema filosófico do conflito entre a legalidade e a moralidade.
E o que fará a Justiça? Que tal esperar o fim do mandato tampão de Siqueira e seu foro privilegiado?

2 comentários:

Willen Moura disse...

Olá Ivan. Admiro seu trabalho e sempre visito este site para ver as charges, porém, essa em especial me comoveu a ponto de fazer descer lágrimas do meu rosto. A questão é que acompanho de perto o caso de nossa familia e sinto em dizer que a situação de Gerlúcia e de Graça, duas irmãs de Gilson e minhas primas doentes de câncer não é nada comovente. Neste sentido acreditava que apenas a charge resolveria e não os comentários, mas, de qualquer forma ficarei na falsa ilusão de que as pessoas ainda podem deixar de lado a alienação, pois o que está acontecendo é simplesmente uma perseguição política. onde os tubarões não conseguem ver o sucesso que os peixes pequenos fazem e querem, por puro orgulho e inveja tentar macular a imagem dos outros. De qualquer forma você pode ser mais uma vítima da opinião pública que "dança" conforme a música dos Jornais.
Mas mesmo assim, com essa pequena mágoa, continuarei vendo os seus trabalhos.

Ivan Cabral disse...

Caro Willen.
Grato pela admiração que você expressa pelo meu trabalho. Penso que fazer charges vai além do humor que visa apenas o besteirol e que atropela a tudo e todos. Tenho buscado o equilíbrio entre o fazer rir e refletir ao mesmo tempo. Não é fácil e não acho que consigo fazê-lo o tempo todo. Também procuro não ser injusto, desleal, desonesto e insensível. Da mesma forma, não sei se consigo evitar esses erros sempre; mas, creia, esforço-me conscientemente. Nessa charge específica sabia da gravidade dos elementos com os quais estava lidando. Sei também que existem muitas coisas nos bastidores da política que não vem a público.
Como disse nos comentários (necessários por causa do público que lê as charges em diversos estados), não tenho nada contra o deputado Gilson. Entendo o drama familiar, pois perdi meu pai para o câncer há poucos anos. Minhas desculpas se o fiz chorar por causa do humor da charge ou dos comentários. Penso que um homem público como o deputado fica exposto a julgamentos como o que fiz. É possível que o tenha julgado errado e seguido o pensamento da "opinião pública", embora a charge não tenha sido "encomendada". Partiularmente, penso que não renunciaria ao cargo de deptuado; pediria um afastamento temporário, mas sei também que é muito difícil julgar as decisões dos outros, saber que atitude tomar nesta ou naquela situação, sem estar no lugar e vivenciando a realidade do outro.
Externe aos demais meu pedido de perdão quanto ao ferimento dos sentimentos da família que a charge possa ter causado. Um abraço.

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